quinta-feira, 24 de abril de 2014
Varuthini Ekadasi
Por observar este Ekadashi devidamente, o Rei Mandhata foi liberado. Muitos outros reis também se beneficiaram por observá-lo - reis como Maharaja Dhundhumara, na dinastia Iksvaku, que se tornou livre da lepra advinda de uma maldição que o Senhor Shiva lhe impusera como punição. Qualquer mérito que se obtenha por realizar austeridades e penitências durante dez mil anos é alcançado por uma pessoa que observa Varuthini Ekadashi. O mérito obtido por doar grande quantidade de ouro durante um eclipse solar em Kurukshetra é acumulado por quem observa este jejum de Ekadashi. De fato, aquele que observa este único Ekadashi com amor e devoção certamente obtém suas metas nesta vida e na próxima. Em resumo, este Ekadashi é puro e muito vivificante e é um destruidor de todos pecados.
Ekadasi: Jejum de amor a Deus.
Jejuar em geral significa abster-se tanto de alimento como de bebida, embora água de acamana e caranamrta (apenas três gotas) possa ser bebida. Achando isso impossível, pode-se comer uma só refeição única sem grãos de tarde. Esta refeição - chamada nakta ou ceia - deve consistir de raízes que crescem sob a terra (exceto beterraba), frutas, água, laticínios, nozes, açúcar, e vegetais (exceto cogumelos). Deve-se tentar não beber água mais que uma vez ou comer mais que uma refeição no Ekadashi. Como o Senhor Krishna diz para Arjuna no Capítulo Um deste livro, a quantidade total do mérito é concecida àquela pessoa que jejua completamente no Ekadashi, enquanto quem come apenas jantar obtém a metade desse mérito. É claro, para cada devoto no movimento de consciência de Krishna, pregar é o dever mais importante, e se um jejum completo de Ekadashi impede esse dever, não deve ser observado. Mas se um devoto consegue seguir as regras plenas de jejum e ainda cumprir com suas responsabilidaes, deve de qualquer maneira fazê-lo.
Em todo caso, devemos evitar estritamente comer grãos ou legumes no Ekadashi. Devemos também evitar dormir durante o dia; uma massagem com óleo; comer nozes betel; tocar numa mulher menstruada, num candala, num bêbado, ou lavadeira; evitar o barbear e comer com utensílios de metal de sino. Caso a pessoa coma, além de grãos e legumes deverá evitar o seguinte: espinafre, mel, berinjela, comer na casa de outrem, assafétida, e sal marinho. (Outros tipos de sal, tal como o salgema, são permitidos). Só quem estiver doente poderá consumir remédios de ervas neste dia sagrado.
Embora atualmente o calendário védico comece com o mês Caitra (mar/apr), na antiguidade o ano novo começava com o mês de Margashirsha, ou nov/dec. Este é um mês muito auspicioso. Como o Senhor Sri Krishna declara no Bhagavad-gita 10.35, masanam marga-shirsho 'ham: "Dos meses sou Margashirsha." Portanto quem está começando a observância de jejuns de Ekadashi usualmente começa durante este mês. Há dois Ekadashis em cada mês, um durante a quinzena escura e um durante a clara. São igualmente poderosos para avanço espiritual.
Para começar o jejum, o devoto deve primeiro determinar ficar firme em seu voto. Então deve procurar um devoto erudito, duas-vezes nascido do Senhor Supremo e aprender diretamente dele sobre o sagrado processo de observar um jejum de Ekadashi. Quem é totalmente incapaz de jejuar devido a doença séria ou velhice deve procurar uma alma altamente avançada e dar alguma caridade no Ekadashi. Para Vaisnavas, contudo, a injunção de dar caridade no Ekadashi significa que nesse dia devem fazer um esforço extra para divulgar consciência de Krishna, o maior tesouro. Isso é verdadeira caridade. Outra prática importante é ouvir e ler sobre cada Ekadashi conforme ocorre. O próprio Senhor Sri Krishna recomenda muito esta prática, pois nos auxilia a conseguir o resultado de jejuar.
Se por acaso a pessoa esquece de observar Ekadashi no dia apropriado, poderá observá-lo no dia seguinte, Dvadashi, e depois quebrar seu jejum no Trayodashi, o dia que se segue. Conforme dito nas escrituras védicas:
ekadashi vipluta ced
dvadashi paratah sthita
upasya dvadashim tatra
yadicched paramam padam
"Se uma pessoa que deseja sinceramente alcançar a morada da Suprema Personalidade de Deus esquece de observar Ekadashi, deve observá-lo no Dvadashi, porque Ekadashi se prolonga ao dia seguinte."
Durante o Ekadasi da quinzena luminosa, se deve meditar nos doze santos nomes do Senhor Vishnu cantando o mantra: om keshavaya namah e os outros mantras que devotos do Senhor recitam sistematicamente quando aplicam tilaka, argila sagrada, em seus corpos. Durante o Ekadashi da quinzena obscura, o devoto deve meditar nos dezesseis santos nomes das expansöes quádruplas do Senhor Supremo e suas porçöes plenárias subsequentes. O devoto deve cantar: om sankarshanaya namah, om govindaya namah, etc. (Por favor refiram-se ao Chaitanya-caritamrta, Madhya-lila 20.195-97).
Durante cada Ekadasi devemos constantemente meditar na Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Sri Krishna, dando importância a Suas expansöes plenárias. Também se pode meditar nos aparecimentos autorizados do Senhor em Sua forma da Deidade, que existe em oito variedades. No Srimad-Bhagavatam 11.27.12 o Senhor Krishna diz para Uddhava:
shaili daru-mayi lauhi
lepya lekhya ca saikati
mano-mayi mani-mayi
pratimashta-vidha smrta
"A forma da Deidade do Senhor é dito que aparece em oito variedades - pedra, madeira, metal, terra, tinta, a mente, ou jóias."
Se o Ekadashi combinar-se astronomicamente com Dashami, o décimo dia da quinzena, n m, todo acharya recomenda que todos membros das quatro ordens sociais e espirituais observem fiel e estritamente Ekadashi para alcançar a morada suprema de Sri Krishna. Contudo, existe esta instrução sobre mulheres casadas:
patvo jivati ya nari
upasya vrtam acaret
ayusham harate bhartur
narakam caiva gacchati
"Uma mulher cujo marido esteja vivo deve pedir a permissão dele para observar jejuns. Se deixar de fazê-lo, ela reduz a duração de vida dele e o manda para o inferno." Uma mulher casada portanto deve obter a permissão de seu marido antes de jejuar no Ekadashi.
Na manhã de Ekadashi, o devoto deve chegar diante da Deidade da Suprema Personalidade de Deus - o Senhor Sri Krishna ou Senhor Rama - e cantar as oraçöes Purusha-shukta, começando pelo verso cujas primeiras palavras são sahasra-shirsha purushah. O devoto em seguida deve oferecer suas humildes reverências ao Senhor e meditar em Seus pés de lótus enquanto canta om damodaraya namah, em Suas coxas enquanto canta om madhavaya namah, em Suas partes privadas enquanto canta om kamapataye namah, em Seus quadris enquanto canta om vamanaya namah, em Seu umbigo enquanto canta om vishvamurtaye namah, em Seu coração enquanto canta om jnanagamyaya namah, em Sua garganta enquanto canta om shrikanthaya namah, em Seus braços enquanto canta om sahasrabahave namah, em Seus olhos de lótus enquanto canta om paramayogine namah, em Sua testa enquanto canta om urugayai namah, em Seu nariz enquanto canta om narakeshvaraya namah, em Seu cabelo enquanto canta om sarvakamadaya namah, e em Sua cabeça enquanto canta om sahasrashirshaya namah.
Desta maneira o devoto sincero deve meditar na esplêndida forma espiritual da Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Sri Krishna, e oferecer suas humildes reverências a Ele. O devoto deve cantar Seus gloriosos nomes - Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare - enquanto toca vários instrumentos musicais, e deve também cantar silenciosamente nas contas com total reverência e afeição. Se possível, o devoto deve permanecer acordado toda noite, glorificando o Senhor desta maneira.
Um devoto que segue as ordens de seu mestre espiritual e observar Ekadashi desta maneira - jejuando completamente e glorificando o Senhor dia e noite adentro num humor de devoção amorosa - certamente irá se tornar plenamente absorto em pura consciência de Krishna.
No Dvadashi, o devoto deve primeiro limpar seu corpo tomando banho e seu coração cantando o maha-mantra. Então ele deve cozinhar alimento suntuoso para o prazer do Senhor e oferecer a Ele com grande devoção e oraçöes sinceras. Após distribuir alimento aos outros devotos e aos brahmanas, ele pode quebrar seu jejum e desfrutar do banquete.
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Dwaraka, a cidade dourada
Dwaraka é uma sete cidades sagradas da Índia Antiga. As outras são: Ayodhya, Mathura, Benares, Kanchi e Ujjain. A grandiosidade e beleza de Dwaraka tem sido descrita por muitos cronistas. A cidade é mencionada como 'Cidade Dourada' no Shrimad Bhagvad Gita, no Skand Purana, no Vishnu Purana e também no Mahabaratha.
Dwaraka, conhecida por ser a capital do Reino do Senhor Krishna, não foi nem é uma lenda; antes, é bastante real. A região da costa oeste (indiana), onde Krishna estabeleceu os Yadavas, era repleta de frutos e flores. Ali, Krishna resolveu construir uma nova cidade e chamou-a Dvaravati. Uma sociedade avançada viveu no região. Era uma cidade bem planejada e tecnologicamente avançada, um porto movimentado de onde entravam e saíam grandes navios.
"O brilho amarelo da fortaleza dourada, da cidade, projetando luz à sua volta, como as flamas de Vadavagni se espalhando debaixo das águas"
Dwaraka, conhecida por ser a capital do Reino do Senhor Krishna, não foi nem é uma lenda; antes, é bastante real. A região da costa oeste (indiana), onde Krishna estabeleceu os Yadavas, era repleta de frutos e flores. Ali, Krishna resolveu construir uma nova cidade e chamou-a Dvaravati. Uma sociedade avançada viveu no região. Era uma cidade bem planejada e tecnologicamente avançada, um porto movimentado de onde entravam e saíam grandes navios.
"O brilho amarelo da fortaleza dourada, da cidade, projetando luz à sua volta, como as flamas de Vadavagni se espalhando debaixo das águas"
[Magha, Sisupalavadha, saga 2].
E veio o Dilúvio, Dwaraka, a "cidade de ouro" desapareceu sob as águas. Isso aconteceu por volta de 1.500 a.C... Toda a costa oeste da Índia submergiu junto com a cidade do Senhor Krishna.
Arjuna parece ter sido testemunha dos estranhos acontecimentos que precederam o desastre. Um barulho retumbante saía da terra dia e noite; os pássaros gritavam sem parar e fortes ventos açoitaram a terra... O mar, que castigava as praias, subitamente venceu os últimos limites da Natureza. O mar irrompeu na cidade e as águas invadiram as ruas da magnífica Dwaraka. O mar cobriu todas as coisas. Eu vi as belíssimas construções submergirem, uma a uma. Em questão de poucos instantes, estava tudo terminado. O mar voltava ao seu plácido repouso, como um lago. E não havia qualquer traço da cidade. Agora, Dwaraka era somente um nome, somente uma lembrança"
(MAHABARATHA)
Ruínas Submersas
Por mais de cinco mil anos Dwaraka foi considerada um mito. Muitas gerações falaram desta cidade como se fosse uma lenda fantástica: "A descoberta da legendária cidade de Dwaraka que, segundo a tradição foi fundada por Sri Krishna, é um importante marco na história da Índia. Para os historiadores, não há dúvida sobre o valor documental do épico Mahabaratha, onde há referência a Dwaraka. Existe uma significativa lacuna, na história da Índia, entre a Idade Védica e os dias atuais." - explica Dr. S. R. Rao. Rao confirmou as descrições encontradas em textos sânscritos. Dwaraka, definitivamente, não é um mito; antes, é um referencial importante da história da Índia.
Remanescentes de antigas estruturas arquitetônicas vêm sendo descobertas na Dwaraka de hoje, debaixo d'água e no continente pela equipe de pesquisa daUnderwater Archaeology Wing (UWA - 'Divisão' de Arqueologia Submarina) of The Archaeological Survey of India (ASI - Pesquisa Arqueológica da Índia). Alok Tripathi, arqueólogo superintendente da UWA, disse que ruínas submersas encontradas no mar da Arábia ainda não foram identificadas.
"Ainda não descobrimos o que são estes fragmentos, se são uma parede, um templo... São parte de alguma estrutura", disse Tripathi, que também é um mergulhador especializado. Trinta moedas de prata de cobre também foram achadas em escavações próximas. As ruínas, em terra, pertencem ao período Medieval. Depois que as moedas forem limpas, poderão indicar a época a que pertencem.
Dwaraka é uma cidade costeira em Jamnagar, distrito de Gujarat, Índia. A Dwaraka de hoje é identificada como local da antiga Dwaraka, chamada Dvaravati, mencionada no Mahabaratha como "a cidade de Krishna". Naquela parte da costa havia um porto que muitos estudiosos identificam com a ilha de Barka, mencionada em Periplus of Erythream Sea (Périplo do Mar de Eritréia). A cidade antiga, foi tragada pelo mar há milhares de anos.
As primeiras escavações arqueológicas em busca da cidade foram realizadas em terra, pelo Deccan College, Pune do Departamento de Arqueologia de Dwaraka, instituição do governo Gujarat, em 1963 sob a direção de H.D. Sankalia, revelou muitos artefatos centenários.
Dwaraka é uma cidade costeira em Jamnagar, distrito de Gujarat, Índia. A Dwaraka de hoje é identificada como local da antiga Dwaraka, chamada Dvaravati, mencionada no Mahabaratha como "a cidade de Krishna". Naquela parte da costa havia um porto que muitos estudiosos identificam com a ilha de Barka, mencionada em Periplus of Erythream Sea (Périplo do Mar de Eritréia). A cidade antiga, foi tragada pelo mar há milhares de anos.
As primeiras escavações arqueológicas em busca da cidade foram realizadas em terra, pelo Deccan College, Pune do Departamento de Arqueologia de Dwaraka, instituição do governo Gujarat, em 1963 sob a direção de H.D. Sankalia, revelou muitos artefatos centenários.
Lenda
A antiga cidade de Dwaraka, situada a extremo oeste da costa indiana, ocupa um lugar de importância na história da religião e cultura da Índia. A fabulosa arquitetura do templo de Dwaraka atrai turistas de todo o mundo.
A cidade, que se estenderia por 12 yojanas [unidade de medida da antiga Índia védica, entre 4 e 9 milhas] - é associada ao Senhor Krishna, que é seu fundador. Em seu passado glorioso Dwaraka foi uma cidade que possuía magníficos jardins, lagos, canais e palácios. Acredita-se que sucumbiu a uma enchente violenta, depois da partida de Krishna.
Diz a lenda que Sri Krishna matou o demônio Kamsa (seu tio materno) e fez de Ugrasena (seu avô materno), o rei de Mathura. Enfurecido, o sogro de Kamsa, Jarasandha (rei de Magadh), junto com seu amigo Kalayavana, atacou Mathura 17 vezes. Para proteger o povo, Krishna e os Yadavas decidiram mudar a capital do reino de Mathura para Dwaraka.
Os Yadavas foram uma casta e uma dinastia hindu. São mencionados nos Vedas como sendo os descendentes de Yadu. Segundo o Bhagavad Gita, os Yadavas eram possuidores de grandes conhecimentos místicos, tão antigos quanto Manu.
Os Yadavas foram uma casta e uma dinastia hindu. São mencionados nos Vedas como sendo os descendentes de Yadu. Segundo o Bhagavad Gita, os Yadavas eram possuidores de grandes conhecimentos místicos, tão antigos quanto Manu.
Krishna e os Yadavas, partindo de Mathura, chegaram à costa de Saurashtra e decidiram construir sua capital na faixa litorânea e, assim, invocaram Visvakarma, divindade da construção. Mas Visvakarma disse que a tarefa somente poderia ser realizada se Samudradeva, Senhor do Mar, providenciasse alguma terra. Krishna fez culto a Samuradeva, conseguiu as 12 yojanas e Visvakarma ergueu Dwaraka, a cidade de ouro. Quando Krishna deixou o mundo, os líderes Yadavas pereceram em lutas entre si mesmos. Dwaraka, então, foi engolida pelo mar.
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